Funcionário de empresa parceira da Enel é preso em flagrante após cobrar propina para religar energia
Em meio ao blecaute provocado pelo vendaval que atingiu São Paulo, moradores da capital paulista e da região metropolitana têm denunciado a cobrança de propina por funcionários de empresas parceiras da Enel para o religamento de energia. Nesta quinta-feira, o subprefeito da Vila Mariana, na Zona Sul, Rafael Minatogawa, deu voz de prisão a um desses trabalhadores após ele admitir que realizou um “bico” e cobrou R$ 2,5 mil para restabelecer a energia de um endereço na região.
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Em vídeo publicado nas redes sociais, Minatogawa aparece conversando com o funcionário identificado como Alex Rodrigues Nogueira. Ele admite ter cobrado pelo serviço.
— Meu trampo era aqui e ele [o comerciante] colocou que era minha obrigação fazer lá. Mas tava desligado a energia. Peguei e falei: ‘Meu, ó, eu passearia por tanto’. Ele falou: ‘Não, pode fazer’. Aí eu fui lá e fiz. Aí ele me falou: ‘Ó, esse serviço aqui era a obrigação do senhor fazer’ — afirmou o funcionário.
Após realizar o religamento, o comerciante se recusou a pagar, momento em que o funcionário terceirizado ameaçou cortar a energia novamente.
— Vou deixar o cara do jeito que tava. Ele veio aqui e começou a tirar fotos nossas — afirmou.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o homem foi preso em flagrante por corrupção passiva.
A Enel confirmou que Nogueira atuava para uma empresa parceira e ressaltou que serviços emergenciais, como reparos na rede para restabelecimento do fornecimento, não podem ser cobrados individualmente.
“A companhia reforça que qualquer exigência de pagamento para reparos na rede elétrica da distribuidora, para restabelecimento de energia, está fora das regras de conduta da companhia. Em caso de dúvidas, os clientes podem entrar em contato com os canais de atendimento da Enel São Paulo”, diz a nota.
Na quarta-feira, como mostrou O GLOBO, a Polícia Militar abriu investigação sobre um episódio semelhante em Diadema, na Grande São Paulo. Moradores relataram que funcionários da Enel teriam cobrado inicialmente R$ 300 e, depois, mais de R$ 1 mil para religar a energia de um prédio na Rua São Pedro, no Centro da cidade.
Policiais militares foram ao local e abordaram os trabalhadores. O síndico do condomínio, dois funcionários do prédio, três funcionários da Enel e supervisores foram conduzidos ao 3º Distrito Policial de Diadema, onde o caso foi registrado.
Falta de energia
As rajadas de vento próximas de 100 km/h provocaram interrupções em diversos municípios paulistas. Mais de 824 mil clientes da Enel permaneciam sem energia na manhã desta sexta-feira (11). No pico do apagão, na quarta (10), o total chegou a 2,2 milhões.