Países da União Europeia exigem 'medidas concretas' do bloco diante crise humanitária em Gaza
Diversos países da União Europeia aumentaram a pressão a favor de "medidas concretas" do bloco para a "intolerável" situação humanitária em Gaza, disseram fontes diplomáticas nesta quinta-feira.
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Segundo essas fontes, durante uma reunião realizada na quarta-feira, os representantes permanentes dos 27 países reiteraram sua preocupação com a implementação efetiva do acordo alcançado há duas semanas pela UE com Israel sobre um melhor acesso da ajuda humanitária a Gaza.
Diante da falta de avanços, diversos países solicitaram à Comissão Europeia — o braço executivo da UE — que apresente "medidas concretas" após as possíveis "opções" que havia sugerido, apontaram as fontes.
O acordo firmado pela UE com Israel prevê a passagem diária de cerca de 160 caminhões de ajuda humanitária através de Gaza, o dobro da situação atual. No entanto, nesta quinta-feira, as autoridades israelenses informaram que apenas cerca de 70 caminhões haviam sido descarregados no dia anterior nos cruzamentos.
Crianças palestinas imploram por comida em área de ajuda humanitária próxima a Khan Younis, na Faixa de Gaza, em 22 de julho de 2025
AFP
— Israel fez alguns esforços com base nos parâmetros acordados; o número de caminhões que entram em Gaza aumentou; cruzamentos e rotas adicionais foram abertos — afirmou, nesta quinta-feira, o porta-voz do serviço diplomático da UE Anouar El Anouni, acrescentando: — [mas] obviamente, ainda há muito, muito a fazer.
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Próximos passos
Os embaixadores dos 27 países em Bruxelas devem se reunir novamente na próxima semana para discutir a situação em Gaza e pretendem permanecer mobilizados durante todo o mês de agosto.
— Um número significativo de Estados-membros disse que a situação é intolerável — afirmou um diplomata.
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse na terça-feira que "todas as opções continuam sobre a mesa" se Israel não respeitar seus compromissos. Um informe da Comissão Europeia, apresentado no final de junho aos países do bloco, indicou que Israel violou o artigo 2 do acordo de associação com a UE, em termos de respeito pelos direitos humanos.
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Como resultado, Kallas preparou uma lista de possíveis opções para os países do bloco, que incluem a suspensão de todo o acordo e a proibição de exportações dos territórios palestinos ocupados, entre outras opções.
Em uma carta aberta, cerca de 40 embaixadores da UE pediram "sanções seletivas" contra "ministros, funcionários, comandantes militares" e "colonos israelenses violentos" acusados de "crimes de guerra".