O assunto em Hollywood é um só desde a manhã de sexta-feira (5), quando a Netflix anunciou a compra das operações de estúdio e streaming da Warner Bros. Discovery, por US$ 72 bilhões: qual o futuro do cinema? A dúvida é bastante pertinente já que a Warner é um dos estúdios mais produtivos e relevantes do mundo, mas sua nova dona, a Netflix, tem uma política de exibição em salas de cinema bem diferente do que trouxe a centenária companhia até aqui. A plataforma de streaming preza por janelas de exibição curtíssimas, priorizando seu catálogo de streaming. 'Nada muda hoje': Depois de comprar Warner Bros., Netflix tenta tranquilizar assinantes com e-mail Por isso, diretores, exibidores, produtores, roteiristas e atores estão temerosos com o futuro. Ainda que o co-CEO da Netflix Ted Sarandos tenha tido que a Warner vai honrar seus compromissos de exibição, ele disse acreditar que o modelo precisa “evoluir para se tornar mais amigável ao consumidor”. Essa fala só gerou mais incertezas na indústrias, que reagiu. A associação de exibidores de cinema nos Estados Unidos disse que a compra representa "uma ameaça sem precedentes para o mercado global de exibição cinematográfica”. O Sindicato dos Diretores falou em “preocupações significativas". Grande nomes da indústria já se pronunciaram, alguns mais pessimistas, outros nem tanto, com o futuro. A atriz Jane Fonda apareceu no primeiro grupo ao lançar um comunicado com os dizeres: "A notícia de que a Warner Bros. Discovery aceitou uma oferta de compra é uma escalada alarmante da consolidação que ameaça toda a indústria do entretenimento, o público democrático ao qual ela serve e a Primeira Emenda. Não se engane: este não é apenas um acordo comercial catastrófico que pode destruir nossa indústria criativa. É uma crise constitucional agravada pelo claro desrespeito da administração à lei." Já Bong Joon Ho, diretor de "Parasita", vencedor do Oscar de melhor filme em 2020, durante um painel no festival de cinema de Marrakech, no Marrocos, adotou uma postura conciliatória. Uma pessoa da plateia perguntou o que ele achou da compra, salientando que muitos estão preocupados com a possibilidade de experiência na sala de cinema desaparecer. Ao que Bong Joon Ho respondeu: "Para ser sincero, não sei o que está acontecendo em Los Angeles. Sou apenas um cara sul-coreano que fica em casa. Streaming também é uma boa maneira de assistir e aproveitar filmes, mas não acho que a experiência cinematográfica vá desaparecer tão facilmente." Dentre os realizadores brasileiros, Kleber Mendonça Filho, diretor de "O agente secreto", se pronunciou sobre o tema em sua conta no X. "Eu vou continuar garantindo em contrato uma janela de pelo menos 3 meses para meus filmes, podendo a janela ser aumentada ou diminuída em comum acordo. Se as salas de cinema começarem a fechar, meu filme será exibido exclusivamente nas que irão permanecer, e nos países que defenderem frontalmente a experiência de ir ao Cinema".

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