Além de família dona da Refit, comentarista político também é alvo de operação contra sonegação fiscal
A Operação da Receita Federal realizada nesta quinta-feira (27) contra o grupo Refit, acusado de fraude no recolhimento de impostos, teve como alvos de busca e apreensão o empresário Ricardo Magro, dono da companhia, e seu pai, João Manuel Magro, segundo apurou o GLOBO. Como as investigações estão sob sigilo, os nomes dos mais de 170 alvos não foram divulgados pelas autoridades. Além deles, a operação também teve como alvo Cristiano Beraldo, comentarista político da Jovem Pan.
A reportagem do GLOBO obteve, com pessoas ligadas às investigações, uma relação em que aparecem os nomes de pai e filho da família dona da Refit. Procurados, por meio do escritório de advocacia de Ricardo Magro, localizado nos Jardins, em São Paulo, eles não se pronunciaram.
Segundo os agentes, a operação não contou com mandados de prisão, apenas de busca e apreensão. Como Ricardo Magro mora em Miami, mas também vive em Portugal, de onde possui cidadania, ele não foi localizado pelas autoridades.
Além de pai e filho, a Receita e o MP também bateram à porta do influenciador e comentarista político Cristiano Moreira Pinto Beraldo, que atua na rede Jovem Pan. Segundo as investigações, Beraldo gerencia empresas offshore nos Estados Unidos que pertenceriam a Ricardo Magro. Uma dessas empresas, a Cascais Bay LLC, tem como gerente Alessandra Engel Magro, esposa de Ricardo Magro. Já outra firma, a Oceana KB Real Estate LCC, é do próprio Ricardo Magro.
Cristiano Beraldo disputou as eleições de 2022 para o cargo de deputado estadual, pelo União Brasil, quando declarou à justiça eleitoral um patrimônio de R$ 1.852.750. Nas redes sociais, ele se define como um "brasileiro indignado" e faz críticas ao governo federal.
A Jovem Pan, por meio de nota, afirmou que não vai se manifestar sobre a investigação. Antes, contudo, afirmou que Beraldo havia participado normalmente da programação nesta quinta-feira (27). Procurado pela reportagem, Beraldo ainda não se manifestou, mas o espaço segue em aberto.
A operação
A megaoperação da Receita Federal com os Ministérios Públicos de cinco estados teve como objetivo desarticular, na manhã desta quinta-feira (27), um grande esquema envolvendo fraude em recolhimento de impostos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, além do Distrito Federal.
Ao todo, são 190 alvos com a expedição de 126 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e empresas ligadas ao grupo Refit, dono da antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e dezenas de companhias do setor de combustíveis. Chefiado pelo empresário Ricardo Magro, o grupo é o maior devedor de ICMS do estado de São Paulo e um dos maiores da União.
De acordo com MP de São Paulo, o "engenhoso" esquema de fraude fiscal estruturada causou prejuízos aos estados e à União estimados em mais de R$ 26 bilhões de débitos já inscritos em dívida ativa. Os alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, são suspeitos de integrarem organização criminosa e de praticarem diversos crimes contra a ordem econômica e tributária, lavagem de dinheiro, dentre outras infrações penais.