Alcolumbre não retorna tentativas de contato de Messias desde semana passada
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) não tem retornado as tentativas de contato de Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde a semana passada, Messias tenta contato com o senador, sem sucesso. A prioridade de Messias tem sido buscar uma aproximação institucional com o presidente da Casa.
A relação entre ambos foi abalada pela escolha de Lula. Alcolumbre defendia Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e demonstrou incômodo com o desfecho da decisão.
Com a comunicação bloqueada, o advogado-geral da União divulgou uma carta pública na segunda-feira a Alcolumbre.
Na carta, Messias afirma que é seu “dever” colocar-se desde já à disposição de Alcolumbre para o escrutínio constitucional. O texto ressalta a trajetória do indicado dentro do próprio Senado, onde trabalhou anos atrás sob o acolhimento do atual presidente da Casa.
“Durante um período significativo de minha carreira, fui acolhido pelo presidente Davi para trabalhar no Senado Federal, onde, próximo aos demais membros daquela Alta Casa Legislativa, aprendi a dimensionar a atividade política como um espaço nobre de definição de rumos e administração de conflitos em nossa sociedade (...) Acredito que, juntos, poderemos sempre aprofundar o diálogo e encontrar soluções institucionais que promovam a valorização da política, por intermédio dos melhores princípios da institucionalidade democrática”, diz um trecho da carta.
Também na segunda-feira, Alcolumbre respondeu a nota de Messias com outra carta. O senador afirmou que analisará sua indicação para o STF “no momento oportuno”, sem estabelecer prazo. Alcolumbre disse ainda ter recebido a manifestação de Messias “com respeito institucional”.
"O Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, toma conhecimento, com respeito institucional, da manifestação pública do indicado ao Supremo Tribunal Federal. Reafirma que o Senado Federal cumprirá, com absoluta normalidade, a prerrogativa que lhe confere a Constituição: conduzir a sabatina, analisar e deliberar sobre a indicação feita pelo Presidente da República. Cada Poder da República atua dentro de suas próprias atribuições, preservando o equilíbrio institucional e o respeito aos ritos constitucionais. E o Senado assim o fará, no momento oportuno, de maneira que cada senador e cada senadora possa apreciar devidamente a indicação e manifestar livremente seu voto", diz o texto de Alcolumbre divulgado nesta segunda-feira.
O governo leu o “analisar a indicação em momento oportuno” como um sinal de Alcolumbre de que a votação poderá mesmo ficar para 2026.
O mal-estar vocalizado pelo entorno do presidente do Senado foi admitido nesta segunda-feira pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que descreveu há ambiente de "tensão muito grande" e "controvérsia" com a escolha de Lula, o que poderá empurrar a votação apenas para o ano que vem.