Briga por homenagens trava sessão da Alerj, e presidência retira mais de 600 projetos da pauta e encerra votações em clima de conflito
Uma tentativa de acordo para destravar a votação de mais de 600 homenagens terminou em confronto aberto entre deputados da base e da oposição na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta quinta-feira. Diante do impasse, o presidente em exercício da Casa, Guilherme Delalori (PL), decidiu retirar de ofício 612 projetos de resolução da pauta e encerrar a sessão.
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Delalori havia convocado uma reunião de líderes na terça-feira para tentar construir um entendimento que permitisse a votação das homenagens ainda neste fim de ano legislativo e amenizar os conflitos. O acordo previa a retirada de nomes considerados polêmicos, especialmente de pessoas com problemas judiciais. Entre os nomes citados nas discussões estavam o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e o deputado Glauber Braga (PSOL).
A ideia inicial era votar 617 medalhas, respeitando o regimento interno, que estabelece que cada deputado pode votar em até três homenagens. Delalori afirmou em plenário que a medida fazia parte de um esforço para “zerar a pauta” antes do recesso e classificou o travamento das votações como um desrespeito aos servidores da Casa.
O clima, no entanto, se deteriorou rapidamente. O deputado Átila Nunes levantou questionamentos sobre o caráter da votação, sugerindo que o plenário estaria sendo usado para antecipar disputas eleitorais.
O tom subiu ainda mais após a intervenção do deputado Alan Lopes (PL), que rechaçou qualquer entendimento com a oposição e anunciou que passaria a pedir verificação de votação em todas as matérias de interesse da esquerda.
— Eles não têm acordo. Em todas as votações, seja hoje ou no ano de 2026, eu pedirei verificação. Nós somos maioria. Não precisamos deles para nada. Tudo que nós votarmos aqui, nós atropelaremos, porque somos maioria — afirmou, em discurso marcado por ataques diretos à oposição.
A reação veio do deputado Flávio Serafini (PSOL), que acusou a base governista de inviabilizar deliberadamente a construção de um acordo e de transformar o plenário em palco de intimidação política.
— Houve uma tentativa de acordo, mas a tropa de choque inviabilizou. É fogo contra fogo. Se for para pedir verificação em tudo, destaque em tudo, vamos fazer em tudo. Não adianta pressionar depois quando houver interesse do governo — disse Serafini, em meio a trocas de acusações e pedidos de ordem.
Diante do agravamento da confusão e da impossibilidade de avançar na pauta, Delalori anunciou a retirada de todos os projetos de resolução relacionados às homenagens.
— Infelizmente, a presidência retira de ofício todos os 612 projetos de resolução. No ano que vem, colocaremos quatro ou cinco por mês. Está encerrada a sessão — declarou.
A decisão encerrou abruptamente os trabalhos e evidenciou o nível de tensionamento político na reta final do ano legislativo.
Os deputados saíram do plenário aos gritos e no clima de tenso.