Saiba como está bebê que estampou capa de disco do Nirvana e perdeu novamente ação contra banda
Spencer Elden sofreu uma nova derrota na Justiça. Desta vez, um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou, nesta quinta-feira, um novo processo movido pelo então bebê exibido nu na capa de um álbum lançado em 1991 pela banda Nirvana, que afirma ter sido vítima de abuso sexual infantil. A fotografia, tirada quando Elden tinha quatro meses de vida, tornou-se marca registrada de "Nervermind", segundo álbum de impacto da banda.
Leia também: Gérard Depardieu denuncia reportagem de TV que o acusou de fazer comentários obscenos sobre criança
Veja valor: renda mensal de Nicole Kidman e Keith Urban chama atenção em documentos de divórcio
Lançado em setembro de 1991, Nevermind definiu uma geração de ouvintes, popularizou o grunge e lançou o Nirvana ao estrelato internacional com sucessos como “Smells Like Teen Spirit” e “Come as You Are”.
Embora Elden, que atualmente trabalha como artista, tenha participado das celebrações do álbum ao longo dos anos, seus sentimentos mudaram. Em entrevista à GQ Australia para o 25º aniversário do álbum, ele disse que ficava chateado por ainda falarem sobre a capa.
— Recentemente, tenho pensado: ‘E se eu não estivesse bem com meu maldito pênis sendo mostrado para todo mundo?’ — disse Elden: — Eu realmente não tive escolha.
Aos 20 anos, Spencer Elden reproduziu a foto da capa de 'Nevermind'
Reprodução
Atualmente no ramo artístico, Spencer mora em Los Angeles, mas afirmou, em 2016, que nunca havia encontrado os dois membros da extinta banda que ainda estão vivos. Mesmo assim, ele topou, em ao menos quatro ocasiões, fazer um registro similar ao que marcou um dos mais famosos discos da história do rock: 10, 17, 20 e 25 anos depois do registro original.
Em 2016, Elden recriou a capa para uma matéria do "New York Post" marcando os 25 anos do disco. “Eu disse ao fotógrafo: ‘Vamos fazer isso (comigo) nu’. Mas ele achou que seria estranho, então usei meu calção de banho”, disse sobre a sessão fotográfica.
Atualmente no ramo artístico, Spencer Elden mora em Los Angeles
Reprodução
Na ocasião, ele comentou ainda: “É legal mas estranho fazer parte de algo tão importante que eu nem me lembro”, e garantiu que a fotografia abriu muitas portas para ele. "Tenho 23 anos e sou um artista. Essa história me deu oportunidade de trabalhar por cinco anos com Shepard Fairey (um importante designer gráfico), o que foi uma experiência maravilhosa."
Segundo o portal Artnet, Spencer estudou no Art Center College of Design em Pasadena, no estado americano da Califórnia, e chegou a trabalhar para o artista de rua Shepard Fairey.
Spencer Elden topou, em ao menos quatro ocasiões, fazer registro similar ao que marcou um dos mais famosos discos da história do rock
Reprodução
'Processo sem mérito'
O juiz Fernando Olguin, do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Central da Califórnia, decidiu na terça-feira que a capa do álbum não atendia aos critérios legais para imagens de abuso sexual infantil.
“Nem a pose, nem o ponto focal, nem o cenário, nem o contexto geral sugerem que a capa do álbum apresenta conduta sexualmente explícita”, escreveu Olguin. Ele acrescentou que, além do fato de Elden estar nu na capa do álbum, nada chegava “perto de enquadrar a imagem no escopo da lei de pornografia infantil”, comparando a foto a uma fotografia familiar de uma criança tomando banho.
O juiz também apontou que era difícil conciliar as ações de Elden com sua alegação de que a imagem constituía abuso sexual infantil. Segundo Olguin, Elden havia se beneficiado financeiramente por aparecer no álbum, incluindo pagamentos para refazer a foto, venda de pôsteres e memorabilia autografada, além de se referir a si mesmo como o “bebê do Nirvana”. O juiz observou ainda que Elden tatuou o nome do álbum em seu peito.
A decisão representa uma vitória para o Nirvana, encerrando uma batalha legal que durou mais de quatro anos. Elden havia processado o espólio de Kurt Cobain, os ex-integrantes Dave Grohl e Krist Novoselic, a viúva Courtney Love, entre outras partes.
Bert H. Deixler, advogado do Nirvana, afirmou que seus clientes estavam “encantados” que o tribunal tivesse “encerrado este processo sem mérito” e agora estavam “livres do estigma de acusações falsas”. Um advogado de Elden não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.
Ação rejeitada duas outras vezes
Elden entrou com a primeira ação federal em 2021, acusando a banda e sua gravadora de lucrar com sua imagem nua e de ter produzido, possuído e divulgado conscientemente imagens comerciais de abuso sexual infantil. O processo foi inicialmente rejeitado duas vezes, mas um tribunal de apelações reativou a ação em dezembro de 2023, argumentando que a republicação da imagem em 2021 poderia constituir uma nova lesão pessoal.
A foto foi tirada pelo fotógrafo Kirk Weddle no Rose Bowl Aquatics Center, em Pasadena, na Califórnia. Weddle escolheu a imagem entre dezenas de fotos de bebês que havia feito para a capa do álbum, que Cobain imaginou mostrando um bebê debaixo d’água. Os pais de Elden receberam US$ 200 pela foto. A imagem foi alterada digitalmente para mostrar o bebê correndo atrás de uma nota de dólar pendurada em um anzol de peixe.