Bolsonaro deu aval para candidatura de Ciro Gomes ao governo do Ceará, diz deputado
O deputado federal André Fernandes (PL-CE) disse em coletiva nesta terça-feira (28) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu aval para que o partido apoie a candidatura de Ciro Gomes ao governo do Ceará em 2026. Fernandes é presidente do partido no estado, mas não pode concorrer ao cargo, por ainda ter 28 anos de idade: a idade mínima é de 30 anos. O partido quer derrotar o governador Elmano de Freitas (PT), e considera Ciro um nome com potencial de derrotar o petista.
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— Obviamente, tudo que eu fiz e que eu estou fazendo, eu tive aval de Jair Bolsonaro. Ele poderia até ter outras ideias, mas ele nos ouviu, nos atendeu e naquela reunião ficou bem definido com todos os mandatários do PL que estão aqui, que nossos passos tinham aval de Jair Bolsonaro, mas ele entendeu que o Ceará em específico, quem deve tocar o estado do Ceará são os parlamentares do Ceará — afirmou o deputado.
Na noite dessa quarta-feira, Ciro Gomes havia afirmado que deseja construir uma "proposta de centro-esquerda" no PSDB após se filiar à legenda. De acordo com o ex-governador do Ceará, o objetivo da movimentação seria unir "de sindicatos a empresários do agronegócio". A declaração ocorreu em um evento com empresários sergipanos realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em Aracaju, onde Ciro teceu críticas ao seu antigo partido, o PDT. André Fernandes e o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) estavam presentes na cerimônia.
Em referência direta a Fernandes, Ciro agradeceu pela presença do parlamentar na ocasião e afirmou que ambos nutrem "algumas desavenças que serão resolvidas fraternalmente". Ao ser abordado pela imprensa na chegada do evento, o parlamentar afirmou ter expectativas de que Ciro se candidate ao governo do estado no ano que vem e comentou sobre possibilidades de composição.
— Espero que, de fato, aconteça essa candidatura e que a oposição esteja unida em 2026 — disse Fernandes. — Vamos lutar para que isso ocorra com o diálogo, com respeito. Naturalmente, temos divergências em alguns pontos, mas, com certeza, dentro de uma sala, a gente vai sentar e conversar sobre isso.
A aproximação pública entre os dois teve início no ano passado, quando o parlamentar teve o apoio do ex-ministro ao disputar o segundo turno das eleições pela prefeitura de Fortaleza. Em um aceno recente, Ciro também tem demonstrado apoio à pré-candidatura ao Senado do pai de André, o deputado estadual Alcides Fernandes (PL).
A aproximação do PDT ao PT, tanto na esfera estadual quanto na nacional, foi citada pelo ex-governador como motivo de sua recente insatisfação dentro da sigla. Ciro também demonstrou descontentamento com o processo de "fritura" enfrentado pelo presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, provocado pela crise do INSS, que levou à sua deposição do comando do Ministério da Previdência.
Creditada durante toda a cerimônia de quarta-feira como resultado de uma articulação feita pelo ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), antigo aliado de Ciro, a filiação acontece diante da tentativa de renovação dos quadros nacionais do ninho tucano, após um período de esvaziamento da sigla. A crise no partido foi intensificada neste ano com a desfiliação dos três últimos governadores: Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Raquel Lyra, de Pernambuco, foram em direção ao PSD, enquanto Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, optou pelo PP.