Aliados dizem que Michelle Bolsonaro está abalada com prisão do marido e preocupada com a saúde dele
Aliados próximos a Michelle Bolsonaro afirmam que a primeira-dama está muito abalada com a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro e tem demonstrado preocupação constante com o estado de saúde do marido, que passou a noite detido na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Pessoas que estiveram com Michelle nas últimas 24 horas relatam que ela tem alternado momentos de silêncio, choro contido e mensagens de fé, comportamento que reforça o impacto emocional da prisão.
Michelle não estava em casa quando a PF cumpriu a ordem de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela havia viajado para Fortaleza, no Ceará, onde participaria de um encontro regional do PL Mulher, movimento feminino do partido que preside. Assim que soube da prisão, deixou a agenda sob responsabilidade da vice-presidente da sigla, deputada Rosana Valle (PL-SP), e retornou a Brasília.
Desde então, Michelle ainda não conseguiu conversar novamente com Bolsonaro. Mas Moraes já autorizou visita ao marido.
Nas redes sociais, Michelle tem se manifestado por meio de versículos bíblicos, referências a uma “guerra espiritual” e mensagens afirmando confiar na “Justiça de Deus”.
A publicação mais recente, nos stories, menciona que “o Senhor dará o Escape”, em menção direta ao episódio da facada de 2018, quando Bolsonaro, segundo ela, “foi poupado por intervenção divina”. O tom religioso também apareceu em vídeo enviado ao encontro do PL Mulher para justificar sua ausência, no qual disse ter pedido ao marido, durante a breve conversa que tiveram no início da manhã de sábado, que “não desistisse da Laura” e “não desistisse da família”.
Desde o retorno a Brasília, Michelle tem permanecido recolhida em casa, acompanhada de assessores, amigas próximas e integrantes do PL Mulher. Segundo pessoas que a visitaram, ela tem evitado ligações e conversas longas, preferindo momentos de oração e leitura de passagens bíblicas. O clima descrito é de apreensão e tentativa de manter a família unida diante da repercussão política da prisão.
A autorização para que ela visite Bolsonaro foi concedida na manhã deste domingo. Segundo a decisão, o encontro poderá ocorrer na Superintendência da PF entre 15h e 17h. O ministro também determinou que a defesa informe quais filhos desejam visitá-lo, para que cada pedido seja analisado individualmente. O ex-presidente tem cinco filhos e uma enteada.
Bolsonaro foi preso preventivamente após a PF relatar ao STF que ele tentou violar a tornozeleira eletrônica durante a madrugada. A corporação informou que os sensores do equipamento registraram sinais compatíveis com tentativa de rompimento, o que foi confirmado pelo próprio ex-presidente a agentes que foram à sua casa verificar o ocorrido.
Além disso, a PF argumentou que a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), marcada para ocorrer em frente ao condomínio em que o pai estava em prisão domiciliar, poderia gerar “tumulto”, dificultar a fiscalização e criar condições para uma eventual fuga.