tudo longe dos olhos dos trabalhadores. Se o governo acha que os novos tempos exigem novas leis, senta-se com patrões e sindicatos, arbitrando para chegar a um ponto de equilíbrio. Se quer impor uma perda unilateral de direitos, lida com a resistência de quem é prejudicado.

apresentou uma proposta em que os trabalhadores só podem desejar menos recuos. O governo tem o poder político, os patrões o económico, os trabalhadores o da greve. A sua marcação já tornou mais difícil passar da chantagem para o ultimato e do ultimato para a aprovação sem acordo,

mútuas e tiver um ponto de partida realmente negociável para um ponto de chegada que não está fechado. Uma greve não é um protesto posterior à derrota. É uma forma de pressão negocial que deve acontecer quando há um bloqueio ou um impasse. Neste caso, faz-se para vencer a intransigência de quem

h/t @barrydeutsch.bsky.social

*Ana Paula Martins

ou muitas dezenas de horas de banco de urgência, acabam a ganhar mais do que os profissionais de carreira. Mas não foram os médicos que montaram este esquema.

Contratar fora é mais caro, mas invisível nas contas. O resultado é um sistema impossível de gerir em picos de urgências. Perante o seu falhanço na Saúde, interessa ao governo um bode expiatório. É fácil criticar os médicos que, não assumindo as obrigações de 250 horas extraordinárias por ano

precisaria de mais de 14 mil profissionais para assegurar as necessidades atuais, mas onde a dedicação plena ou exclusiva devia ser a prioridade, foi dificultada a carreira e privilegiado o recurso externo. Os hospitais foram proibidos de contratar pessoal permanente sem autorização das Finanças.

poder inusitado da OM na definição de equipas de urgências. Um caldo explosivo que, aliado à pressão dos grupos privados nos maiores centros urbanos, já ninguém sabe como resolver. Os tarefeiros são necessários para picos de procura. A sua generalização é um problema para a gestão do sistema. O SNS

vínculo, pagos 40% ou 50% acima dos colegas de carreira, que continuam a acumular centenas de horas extraordinárias e intermináveis bancos de urgência. O problema está nos incentivos errados. Na desvalorização da carreira dentro do SNS, na troca de despesa permanente por “prestação de serviços” e no

trabalho, é a derradeira. Porque ataca os próprios instrumentos de defesa dos trabalhadores, da greve à negociação. Como sempre sonharam, os patrões mais autoritários, que atrasam a nossa economia, terão poder quase absoluto.

Foi consensual nos sindicatos das duas centrais. Montenegro criticou a captura dos sindicatos por interesses partidários. Ninguém o avisou que os sindicatos próximos do PSD apoiam a greve. Como vimos com a troika, cada direito perdido dificilmente regressa. Mas esta não é mais uma mudança da lei do

inflexível paralisou a concertação social, recusa mexer nas“traves mestras” da sua desregulação radical do nosso direito laboral e espera que os sindicatos negoceiem para o equilíbrio entre o terramoto e o incêndio. Não conseguiu unir apenas CGTP e UGT para a greve geral de 11 de dezembro.

O despedimento ilegal deixa de obrigar reintegração, os direitos de defesa são reduzidos e põe-se a segurança social a pagar parte da despesa. A fiscalização e a ação judicial são reduzidas. Este pacote é, antes de tudo, um prémio aos abusadores, que serão a bitola. A ministra, cuja arrogância

profissional e pessoal, com ataques aos direitos de parentalidade e desregulação de horários. Num país com graves problemas demográficos a reduzir a entrada de imigrantes, um governo supostamente conservador mostra desprezo pela família. Pela porta do cavalo, permite-se o despedimento livre.

Os contratos prazo aumentam de duração. Como mostra a redução de deveres de formação profissional, o objetivo não é qualificar e aumentar a produtividade, é ter carne para canhão numa economia baseada em salários baixos e mão de obra esmifrada. Desequilibra-se a relação entre a vida