Eu me lembro
De como tudo era menos doloroso
Menos complicado

Até eu mesma estragar tudo
Quando eu me sabotei por completo
De quanto tudo saiu do meu controle

As lembranças boas só servem pra me lembrar da minha culpa
Servem pra que eu sempre saiba que foi minha culpa
Foi tudo culpa minha

O sentimento e a sensação de morte me trazem paz
Eu sempre quis morrer

Mas eu não mereço morrer
Não por ser boa
Muito menos por querer viver

E sim pq morrer seria misericórdia pra mim
Uma pessoa nojenta como eu

Eu mereço viver
Pra sofrer
Morrer seria bom demais pra mim
Eu mereço viver

Meus pais acham que eu gosto de brigar
Meus amigos acham que eu quero brigar
Todos acham.

Mas eu não quero brigar
Eu não gosto de brigar
Nunca quis brigar
Nunca.

Eu não sou um cão violento
Eu não mordo.

Vazia.

Eu sou vazia
Sempre fui
Porque? Eu não sei apenas sou
Por algum motivo

Me sinto tão vazia quanto um vácuo mas estrelas
Um buraco no universo
Algo que não é nada

Sem emoções reais
Sentimentos reais
Objetivos reais
Penas uma casca do que eu queria ser

Eu sou vazia

Santa.

Eu quero ser santa
Imaculada
Sem pecados
Incorruptível

Quero ser tão limpa que seria impossível que eu me odiasse
Quero ser tão limpa que nunca poderia ser manchada

Era tudo que eu queria
Talvez assim eu não me odiasse
Talvez assim eu não sentisse nojo de cada célula minha.

Santa.

Olhos.

Olhos são bonitos
Eles podem chorar
Eles podem seduzir
Eles podem odiar
Mas também podem sorrir

Olhos refletem sentimentos
Sensações
Emoções
Lembranças

São a janela da alma
Eles não mentem
São santos
E puros

Olhos.

Sentir.

Sentir alguma coisa é oq eu
quero
É oq eu sempre quis
A todo momento

Seja fome
Seja felicidade
Seja amor
Até mesmo dor

Só quero sentir algo
Algo real
Algo que faça que eu me sinta real

Sentir.

Eu sempre senti fome
Fome de amor
Fome de sexo
Fome de sentimento

Eu poderia passar toda a minha miserável existência
Tentando me saciar
Tentando me preencher

Mas eu sei que nada disso vai mudar o vazio, o ódio e o desprezo q eu sinto todos os dias quando me olho no espelho

Eu sinto fome.

No fundo da alma, o peso do abandono
Substituída, esquecida, trocada
Sempre a mesma históri

Sempre se esforçando, sempre tentando
Mas no final, sempre sendo comparada
Julgada, trocada, deixada de lado

Mas com o tempo, a dor se tornou normal

Sempre teorizando como seria a próxima decepção.

Sem nome, sem identidade
Uma estranha em sua própria pele
Desde sempre fugindo de algo desconhecido

Paranóias, alucinações, obsessões
Vozes atormentando sua mente

Correr, sumir, escapar
Para um lugar distante
Onde as vozes se acalmem
Onde a paz possa habitar

Nunca mais vou me sentir limpa
Nunca mais vou me sentir viva

Eu não consigo me esquecer
Da mão que queria me bater
Eu não consigo me lembrar

Eu me sinto uma estátua destruída, com folhas e Traumas e sujeira e choradeiras em volta.

Nunca mais vou voltar
Nunca mais quero ver o meu "lar"