Ex de Bolsonaro apoia filhos em crise com Michelle: 'Temos um líder'
Ex-mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-vereadora do Rio, Rogéria Bolsonaro manifestou apoio aos filhos na terça-feira diante do conflito público entre eles e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). A mãe do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) disse que é “lindo e reconfortante ver a união” em defesa dos “princípios e direcionamentos” do antigo chefe do Executivo, descrito por ela como “líder”.
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A postagem nas redes sociais de Rogéria ocorreu após Flávio afirmar que pediu desculpas à Michelle. O senador afirmou que o racha com a ex-primeira-dama já foi superado.
A briga pelo protagonismo político na família de Jair Bolsonaro, acentuada com o início do cumprimento da pena do ex-presidente, se tornou pública na segunda-feira após sinais de mal-estar nos bastidores. De olho no espólio político do patriarca, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram em críticas à ex-primeira-dama Michelle por tentar interferir na costura de palanque no Ceará. Segundo eles, ao atacar a aliança do deputado André Fernandes (PL-CE) com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PSDB), Michelle desrespeitou ordem direta do marido.
A reação do trio não foi a única. O PL marcou para terça à tarde, em Brasília, uma reunião de emergência, com a presença de Flávio, Michelle, além do presidente da sigla Valdemar Costa Neto e parlamentares. Integrantes planejam enviar um recado à ex-primeira-dama, deixando claro que ela não é integrante da Executiva Nacional e tem apenas um cargo “honorífico” à frente do “PL Mulher”, o que não lhe dá direito de reorganizar palanques regionais.
Os movimentos trazem à tona um incômodo que vem tomando forma desde a semana passada, quando Flávio se indispôs com comentários pessoais da primeira-dama diante de correligionários. E expõem os descompassos do clã, tanto no apoio a aliados nos estados, quanto na capacidade de estar unido em torno de uma chapa presidencial no ano que vem.
‘Autoritária’
A ex-primeira-dama viajou ao Ceará no domingo para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a governador e, no palco, criticou a aproximação de Fernandes e do PL com Ciro, que há quase dois meses rompeu com o PDT para se filiar ao PSDB.
— É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como — disse Michelle.
Na segunda-feira, Flávio foi o primeiro a reagir publicamente, classificando a postura da madrasta de autoritária:
— A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora — disse ao portal Metrópoles.
Na sequência, Carlos Bolsonaro, em publicação no X, reforçou que o acordo com Ciro havia sido conduzido com aval do ex-presidente. “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças”.
Eduardo endossou a postura dos irmãos. “Meu irmão Flávio está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo; foi uma posição definida pelo meu pai”, escreveu o deputado.
Antes de entrar na esfera pública, o conflito começou na última terça-feira, após uma piada de Michelle, e no mesmo dia em que Flávio se autoproclamou porta-voz do pai, sem ter combinado com a madrasta.
Na ocasião, integrantes da legenda faziam reunião para definir a estratégia do partido a partir da prisão do ex-presidente. Com o microfone em mãos, Michelle contou para os correligionários que havia preparado milho cozido para que o marido comesse naquele dia e expôs um apelido íntimo, “meu galo”, pelo fato de Bolsonaro gostar do prato.
Na sequência, fez uma brincadeira que, na opinião dos filhos de Bolsonaro, o expôs. Michelle disse que o marido seguia firme na prisão e que havia chegado a hora de provar ser “imbrochável”, como diz ser na medalhas dos “3 is” — na qual presenteia aliados que considera “imbrocháveis, imorríveis e incomíveis”.
De acordo com presentes, Flávio pediu a palavra e foi direto ao dizer que todos deveriam ter cuidado com as palavras, já que a reunião poderia estar sendo gravada. Segundo ele, àquela altura, seria danoso que fosse vazado um áudio no qual se associava Bolsonaro à impotência. O senador reforçou que toda decisão dali em diante emanaria exclusivamente do ex-presidente.
O motivo da manifestação de Flávio era impedir qualquer “ganho de terreno” de Michelle na escolha do nome do PL que vai representar a família ao Senado por Santa Catarina. No estado, Carlos Bolsonaro foi escolhido pelo pai, enquanto Michelle prefere Caroline de Toni (PL). Sem consultar Michelle, o senador também se autoproclamou porta-voz do pai na entrevista coletiva realizada na sequência.